Breve Interlúdio Sobre Morte, Nascimento e toda aquela parte confusa e complicada no meio dos dois.

O Projeto de Astrologia é uma tentativa de documentar e expor as descobertas a respeito do Céu, da Terra e dessa bagunça confusa e linda que tem no meio dos dois. Esse texto vem como uma pesquisa allegro ma non troppo do Samhain que se aproxima e das perspectivas para os participantes do ritual.

Como a grande maior parte dos leitores sabe, eu tenho um carinho especial por essa tradição milenar datada do século passado (meia ironia intencional) chamada “Roda do Ano”, composta pelos oito Sabbats que pretendem celebrar momentos específicos do ano: dois equinócios, dois solstícios e quatro festividades de “meio da estação” entre os solstícios e os equinócios.

Digo que a prática é milenar datada do século passado pois os festivais são milenares, mas a estruturação não: como a grande parte do paganismo não existe uma tradição, mas tradições e existem discussões lindas a respeito da origem caldeico-semítica de Ostara, por exemplo.

Os Solstícios e Equinócios são astrológicos e astronômicos, os Sabbats de meio de Estação são tradições mais “abstratas”: Existem datas tradicionais, porém, via de regra elas derivam da vivência daqueles povos. Obviamente a “festa da colheita” deveria acontecer DEPOIS DA COLHEITA, o que depende de chuvas, temperatura, sol e disponibilidade de mão de obra.

Devemos nossa existência a 60 centímetros de terra fértil e ao fato de que chove. Celebrar a colheita, as estações, o sexo, a morte, o aprendizado e o que mais seja é uma forma de experimentar os sabores explícitos da vida.

Samhain (junto com  Imbolc, Beltane e Lammas) é um festival de metade da Estação e é tradicionalmente associado à celebração da morte, culto aos ancestrais, sacrifícios e encerramento do ano (esse último caso merecendo muito debate).

Na Europa existe uma discussão há alguns anos a respeito do momento “correto” de se celebrar o meio da estação. Uma das vantagens (e desvantagens) da bruxaria é que a falta de autoridade central permite que se “escolha” o que vai ser feito ou não. A regra é que cada um faz o que bem entende (e colhe as consequências cabíveis).

Sem prejuízo das tradições que celebram Samhain no dia Primeiro de Maio, Samhain é a metade da estação, portanto me filio à escola de que ele deve ser celebrado no grau 15 de Touro no Hemisfério Sul, esse ano na segunda-feira, 04 de maio de 2020, às 21:51.

Mantenho a tradição de celebrar os Sabbats, aproveitando para ritualizar e disponibilizar o ritual para o grupo de astrologia do qual faço parte e, para este Samhain, a regência recomendada para a ritualística desse Sabbat é de Vênus em Gêmeos, simbolizando a conexão das diversas experiências pessoais.

2020 foi um ano menos do que tranquilo. Declarei que seria mais um ano de restrição, mas não imaginava uma pandemia fechando o mundo. Tudo recomenda um pé atrás, cuidado e restrição. Porém o oráculo indicou perspectivas bem positivas. Surpreendentemente positivas. Trocando figurinhas com outros oraculistas, as indicações foram as mesmas.

Um amigo, Ricardo Ferreira, ressaltou que no momento do Sabbat Mercúrio estará em Casimi, uma dignidade no qual o planeta (no caso Mercúrio) está em conjunção “exata” com o Sol, nesse caso, no mesmo grau e com uma diferença de nove minutos (a medida de ângulos, não de tempo) e com a estrela fixa Ômega Andrômeda, da natureza de Vênus.

Essa série de indícios (oráculo sugerindo Vênus em Gêmeos – signo da comunicação e regido por Mercúrio – e Mercúrio em Casimi) sugere que o período será de reconexão interpessoal, sugerindo que se busque a facilitação dessa comunicação, que será o tema do Samhain desse ano para mim e para aqueles que decidirem aderir ao rito. Parece ser o momento de alcançar o outro, saber dele, conversar, beber das experiências alheias e trocar com o mundo.

Tome um banho de limpeza, se puder. Limpe a casa e a si mesmo das coisas velhas. Pense nas pessoas que são importantes para você. Mande cartas (ou emails), pergunte, conte, comente e ouça. Esse isolamento pode servir como um período de purificação para apresentar ao mundo o que se tem de melhor.

Aproveite.

Vivemos em tempos únicos.

Como todos que viveram antes de nós.

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2 respostas para Breve Interlúdio Sobre Morte, Nascimento e toda aquela parte confusa e complicada no meio dos dois.

  1. Pedro diz:

    Obrigado pelo post Paulo, muito legal! Abs

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