Sobre Plantas e Planetas.

O Céu revela seu esplendor quando o astrólogo deixa de lado as análises de personalidade e adentra no terreno prático e mágico.

Diga a uma pessoa que ela procura parceiros afetivos de perfil tradicional e estável e você acertará em 60% dos casos. Diga que ela provavelmente passará por um rompimento ou briga dali a dois meses (trânsito de marte sobre a lua) e você acertará se utilizar a técnica correta. Desenvolva um ritual, uma poção ou um incenso para amenizar um problema e você estará esbarrando no créme de la créme da Astrologia: Astrologia enquanto Linguagem Mágica.

A Astrologia oferece um alfabeto pra identificar as práticas com base nas suas naturezas energéticas dos objetos e sua utilização, consumo ou transmutação. Um cristal ou erva queimando sobre uma determinada posição do corpo, um chá calmante para a tosse ou a transformação de vinho e pão no sangue e na carne do Redentor são exemplos de Magia que se valem da linguagem astrológica.

A Alquimia dá um passo adiante: é um campo de estudo muito específico que pode ou não esbarrar na prática mágica ou astrológica. O Alquimista parte do princípio que, sendo a imagem e semelhança do Criador, ele deve auxiliar o mundo a se purificar e se elevar. A diferença entre uma poção e um elixir alquímico é que aquela se vale dos elementos da natureza e esta pretende purificar e elevar as vibrações dos elementos da natureza. É análogo à seleção artificial das melhores sementes e membros do rebanho.

Destaque-se que o uso das Leis Naturais não é antagonizá-las, mas respeitá-las: existe um momento adequado para se plantar tomates e plantá-los na estação correta, cuidar das ervas daninhas e adubar o solo é respeitar as leis da natureza.

Frater Albertus em seu The Alchemist’s Handbook dedica um capítulo inteiro às plantas e suas associações às energias planetárias, recomendando que o praticante faça seus próprios testes e tente descobrir a verdade das associações. E é aí que fico feliz por encontrar o primeiro autor que eu conheço que explicita uma das coisas mais relevantes do estudo das atribuições planetárias: seu caráter empírico.

Preparando o Curso de Incensos foi feito à época uma pesquisa razoavelmente longa a respeito das associações entre ervas e energias. Os principais livros que conheço a esse respeito são o Planetary Magick, o Três Livros de Filosofia Oculta e agora o The Alchemist’s Handbook.

E o mais interessante é que a doutrina diverge (e que com frequência eu divirjo da doutrina).

Agrippa atribui a Júpiter a regência do Louro, do Milho e do Ouro (tipicamente associados ao Sol). Ao Sol Agrippa atribui a Hortelã, Gengibre, Ouro e Cravo. Já se percebe que existe um compartilhamento do Ouro em ambos.

Dennings e Phillips attribuem a Júpiter Sálvia, Cravo, Noz Moscada e Pinheiro. Ao Sol, atribuem Pinheiro, Canela, Açafrão e Baunilha. Pinheiro é comum aos dois e eu, pessoalmente, atribuo baunilha a Vênus e canela a Marte.

Fr. Albertus atribui Valeriana e Lavanda a Mercúrio. Toda a tradição com a qual eu tive contato indicou ambas as plantas à Lua.

O desempate nisso, pra mim, vem diretamente de Fr. Albertus (em tradução livre):

A seguir, uma tabela condensada de ervas listadas de acordo com a influência planetária que afeta cada uma delas, de acordo com o afirmado pela tradição antiga. Para que esta lista seja benéfica, cada estudante deve descobrir individualmente o quão verdadeiras são essas atribuições a cada uma dessas várias ervas. Pode parecer que um estudo aprofundado é necessário para descobrir as causas para as diferentes virtudes medicinais delas. Muitos, porém, que já deram algum esforço ao tema, encontrarão aqui pistas relevantes.

A prática da Magia ou da Alquimia se beneficiam do estudo, claro, mas se beneficiam principalmente do contato com o objeto de estudo. Ler sobre culinária ajuda, mas é a prática das técnicas que vai trazer o conhecimento do objeto de estudo. Por isso o blog terá uma seção dedicada ao estudo, pesquisa e experimentação alquímica e regular com plantas, minerais, aromas e energias.

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