Breve Ensaio sobre Geometria Magística e Astrologia – Parte 1.

A numerologia e a geometria magística são peças fundamentais para o entendimento do Ocultismo. Essa série de posts pretende trazer uma introdução a respeito do tema da Geometria.

Pitágoras afirmava que “Tudo são Números”. Essa afirmação, semelhante à afirmação de que “tudo é feito de quatro elementos” é muito mais simbólica do que real. Coisas vibram com uma determinada energia e números vibram com uma determinada energia. Para acessarmos essas energias precisamos de símbolos que nos guiem a elas.

Quando eu falo “um”, “sete”, “nove”, “três” eu estou usando símbolos fonéticos que alcançam o falante do português. Isso é relevante e funciona, uma vez que eu sou um falante do português e, consciente E inconscientemente, eu acesso essas energias.

A Geometria consegue apresentar esses símbolos sem a necessidade de palavras: um triângulo é a expressão sensível do número três independente da linguagem do falante, sendo uma linguagem universal.

Existem vários textos em várias escolas falando de cada forma geométrica, mas, para esse texto, a proposta é esmiuçar os elementos primordiais da geometria: o Ponto, a Linha, o Plano e o Sólido, que são elementos ideais e pressupostos.

1) O Ponto.

O Ponto é o elemento fundamental da Geometria, considerado adimensional (sem dimensões) e, consequentemente, uno e indivisível. Euclides define o Ponto como “aquilo do qual nada é parte”, ou seja, não existem divisões em um ponto.

Dada sua natureza adimensional, é extremamente difícil encontrar uma representação do Ponto na Natureza, posto que tudo o que é perceptível tem ALGUMA dimensão.

O que resta como exemplo de Ponto são as duas singularidades pressupostas da cosmologia: o Ponto antes do Big Bang (toda a matéria e energia concentrada antes da expansão que iniciou o Universo) e o ponto após o Big Crunch (hipótese descartada na qual toda matéria e energia voltaria a se unir em um ponto após o Colapso do Universo).

Para fins de Magia Prática, o ponto representa uma unidade indivisível de um determinado elemento ou energia, disponível para absorção ou emanação, e estaria associado ao Número 1.

Para a Astrologia, o ponto está associado à Aspectação por Conjunção, quando as energias dos planetas se unem. Características mais elaboradas da Conjunção serão objetos dos próximos textos, como Orbes e os elementos necessários para que a Conjunção ocorra.

2) A Linha.

A Linha é um elemento geométrico unidimensional (possui apenas comprimento), composta por infinitos pontos. Quando esses infinitos pontos são dispostos igualmente entre si, temos a figura da linha reta (embora eu prefira a definição que a linha reta é aquela que possui o menor cumprimento entre dois pontos no espaço).

O exemplo mais pertinente é a Linha do Horizonte, que separa o mar do céu e dá o caráter central dessa figura: a separação entre dois elementos distintos.

A linha, portanto, traz o caráter de separação (e consequentemente conflito) e de transição (sendo o caminho a se seguir para que algo saia de um lugar e vá para o outro). Está associada ao Número 2 e, na Astrologia, à Aspectação de Oposição.

3) O Plano.

O Plano é o elemento geométrico bidimensional , possuindo largura e comprimento, mas sem possuir profundidade. O Plano é a primeira forma geométrica elementar que permite manipulação e contato direto nosso: sombras projetadas na parece possuem duas dimensões, um quadro pintado possui duas dimensões, etc.

Em virtude de sua natureza de receber as projeções da Vontade, o Plano é um símbolo da criação mental que se manifestará na realidade (quem tem um plano está projetando sua imaginação para que ela guie seus atos para obter um resultado). Isso possui aplicação magística: sigilos, círculos mágicos, selos e outros sistemas de magia se valem de projeções simbólicas sobre uma superfície.

Diz-se que três pontos não-colineares (que não estejam sobre uma única linha reta) definem um único plano. Três pontos não-colineares  também definem um e apenas um triângulo. Portanto, o Triângulo é o “Plano Fundamental”, não sendo nenhuma surpresa que o Círculo de Evocação seja o Círculo com o Triângulo dentro.

O Triângulo é uma figura geométrica que representa a criação, união e síntese de três elementos distintos em uma unidade, associada ao Número 3. Na Astrologia está relacionada com a Aspectação de Trígono.

O segundo Plano digno de nota é o Quadrado, que por motivos óbvios representa o número quatro e, na Astrologia, a Aspectação de Quadratura.

O Quadrado pode ser entendido como o plano formado por quatro pontos equidistantes entre si e que formam (além do quadrado) uma cruz entre duas retas perpendiculares entre si. O tema central do Quadrado (e da Quadratura), portanto, é a Estabilidade: isso é o que acontece quando uma força irresistível encontra um objeto inamovível.

Por fim, o Círculo é considerado o plano delimitado por todos os pontos equidistantes de um único ponto. É a representação da fronteira por definição (daí o círculo de proteção) e a projeção da Esfera da Criação sobre o Plano (daí o Círculo da Arte). Isso é um elemento central das práticas de magia cerimonial e será futuramente abordado.

4) O Sólido.

Para a Astrologia propriamente dita, os sólidos são de relevância secundária. Normalmente tudo o que pode ser feito com um sólido pode ser feito com a projeção bidimensional dele. Magia Talismânica e a criação de Fetiches, apesar de se utilizarem da astrologia, são temas distintos a serem abordados em outros momentos.

Não deixa de ser relevante que a Criação, magisticamente, é considerada uma esfera, que a esfera seja um símbolo da matéria condensada – estrelas e planetas possuem a forma (a)redonda(da) pela atração da gravidade.

Mebes sustenta (provavelmente com razão) que há uma força de atração da Terra que apresenta resistência para se alcançar as esferas celestes. A transcendência da Criação, portanto, não ocorre naturalmente, demandando dispêndio de energia e trabalho.

Nos próximos textos falaremos um pouco mais sobre os Aspectos Geométricos na Astrologia.

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2 respostas para Breve Ensaio sobre Geometria Magística e Astrologia – Parte 1.

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