Neste texto de encerramento da série (que você pode conferir aqui, aqui, aqui, aqui e aqui) sobre Geometria Magística e Astrologia, avaliaremos o último triângulo, que fala sobre as casas IV, VIII e XII.
1) O Quarto Triângulo (Casas IV, VIII e XII).
A Casa IV, também chamada de “Fundo do Céu”, por ser uma das casas angulares, é considerada extremamente relevante na Astrologia Tradicional. Ela representa a sua Família, o Pai, sua Casa e sua Terra (efetivamente “Fundo da Terra” seria um nome melhor). Quando se procura avaliar o clima, é o regente da Casa IV que se avalia. Deborah Houlding a associa à ancestralidade, pais, pai em especial, minas, coisas enterradas e Terra em geral.
A Casa VIII é a Casa da Morte, por excelência. Rege a forma de morrer, as relações com a morte e as perdas como um todo. Simboliza o dinheiro do parceiro, heranças e testamentos.
A Casa XII é a Casa das Prisões, Inimigos Ocultos, Magia Negra, Insanidade e Impotência. Pessoalmente eu costumo chamá-la de “Casa dos Demônios e dos Diabos“. Os Gregos acreditavam que ela era onde o Espírito se desfazia antes da Alma reencarnar e, de fato, ela denota onde o nativo perde energia vital sem perceber. Costumo compará-la a uma hemorragia interna: Não se sabe onde se está perdendo sangue, mas sabe-se que ele está sendo perdido.
2) As Relações entre as Casas IV, VIII e XII.
É razoavelmente fácil entender a relação entre as Casas VIII e XII. Uma diz respeito às perdas claras e sensíveis e outra diz respeito às perdas ocultas ou inconscientes. Porém, encontrar onde a Família e a Terra conversa com a morte e os demônios precisa de um pouco mais de esforço.
Para começar, a ideia de que a mesma casa significa a Famíla, o Pai e a Terra merece atenção. Os mitos criadores, em geral, trazem o ser humano como de natureza dual: Carne e Espírito. O mito judaico afirma que D’us fez o Primeiro Homem com barro (Terra e Água) e soprou Vida em suas Narinas. Temos notoriamente a Terra recedendo o Ar e gerando o Sangue (Adão, ha+dam = “O Sangue”).
O Elemento Terreno é considerado em diversas culturas como um dificultador do desenvolvimento espiritual, daí as práticas ascéticas tanto no ocidente quanto no oriente (jejuns, celibato, exposição ao frio, ao calor e aos elementos, ambos presentes no cristianismo, hinduísmo, religiões de matriz africana e indígena). “O espírito está pronto, mas a carne é fraca.” (Matheus 26:41)
Tal visão, na minha opinião, é uma distorção.
Assumir que a Carne é inerentemente maléfica é assumir que a Criação está errada: se a Carne é má, por que ela existe?
A Carne (ou o Elemento Terra) está relacionado com a Consolidação e Estabilização, mas a Vida é Mudança e Movimento. “Bem aventurados os pobres de espírito” é menos uma defesa da estupidez do que um conselho de desapego às certezas. Vale ainda lembrar o texto da Tábua Esmeralda: “Sua Virtude é Completa quando manifesta na Terra.”
A Terra diz respeito “ao que fica”. E o que fica é nossa Herança. Essa herança pode muito bem ser literal (patrimônio), física (genes e doenças hereditárias) ou espiritual (Diabos e Maldições).
O Humanismo foi extremamente bem sucedido em romper com a ideologia da Linhagem e criar a ideologia do Individualismo, porém, até então, a Linhagem de Sangue era fruto de bençãos e maldições. Agamemnon era descendente de um fratricida e a punição do fratricídio sobre ele recaiu. Filhos e filhas de nobre são nobres. A título de curiosidade, estima-se que um terço dos presidentes dos Estados Unidos são descendentes do Rei John da Inglaterra.
Do Sangue vêm nossas raízes, heranças e demônios. Nossa linhagem, nossas heranças explícitas e escondidas. Temos que enfrentar mais monstros que atacaram nossos pais do que imaginamos. Inclusive, muitas fábulas e mitos começam com o dever dos filhos de vingar a morte dos pais. Tanta coisa depende do tempo, dos mortos do acaso e daquilo que fazemos sem pensar.
3) Conclusão.
A linhagem de alguém é algo mais relevante do que alguns séculos de humanismo nos fazem acreditar. O Sangue que dá a Vida dá a Morte. O Sangue que deixa heranças benditas também deixa heranças malditas.
Costumo falar que uma das Casas mais importantes para se estudar no Mapa é a Casa XII, porque ela é a raiz da grande maioria dos nossos problemas. E desenterrar essa raiz é o primeiro passo para enfrentá-la.
Com esse texto eu concluo um dos Estudos mais importantes que fiz em astrologia. Espero que ele lhes seja útil.
Nossa, fiquei sem ar!! Amei esse estudo e torço para que muitos outros sejam desenvolvidos. Vivenciar a astrologia dessa forma faz muito mais sentindo do que decorar as definições que se repetem nos livros. Parabéns!
Obrigado pelo comentário, Flávia!
Estamos tentando fazer um estudo sério e produtivo de astrologia. 🙂 Aparece pelo nosso FB e grupos de estudo e WPP quando quiser.
Abraços, Paulo.