A Astrologia é um dos elementos definidores da maior parte das tradições mágicas ocidentais e esta série de textos pretende explorar um pouco a relação entre a Astrologia e a Alquimia.
1) A Criação de Um Modelo Cosmogônico.
Todas as Filosofias (conjunto de idéias relacionadas e coerentes entre si) precisam responder às perguntas “quem somos?”, “de onde viemos?” e “para onde vamos?”
Mesmo as filosofias não-religiosas precisam lidar com esses questionamentos: para o materialismo, somos produto da interação entre matéria e energia ocorrida em um intervalo de tempo. Portanto, nossa consciência é fruto de reações químicas, viemos do pó e ao pó retornaremos. Internamente, essa resposta está perfeita e, de fato, ela responde tanto quanto a maioria das filosofias religiosas.
2) O Modelo Cosmogônico Astrológico.
O pensamento místico ocidental pode ser sumarizado em um mote: A Busca pela Verdade orientada pela Lógica. Por “lógica”, entenda-se os princípios básicos do pensamento racional: uma coisa não pode ser e não-ser ao mesmo tempo, por exemplo. Dessa forma, o pensamento religioso (o Astrológico incluído) é simples, e o fato de que ele é simples não significa que ele (necessariamente) seja falso.
O mundo Existe: olhamos para o mundo e ele de fato existe. Além disso, ele não deixa de existir quando fechamos os olhos.
Nada vem do Nada: Ex Nihil Nihil Fit. Nada vem do Nada. Se o mundo existe, alguém precisa tê-lo Criado.
De fato, as observações do Universo demonstram que ele está expandindo em velocidade crescente, ou seja, ele está em crescendo e esse crescimento não é cíclico como imaginávamos, portanto, ele teve nascimento e terá morte, portanto, a Criação é finita (em tempo e espaço).
Como o Universo surgiu em uma singularidade que não se repetirá, parte-se do pressuposto da existência de um Criador. Mas, se o Criador existe, onde ele está?
Há quem diga que o Criador é a Criação (panteístas) de forma que tudo é divino e nada pode ser considerado injusto.
Porém, se o Universo teve um começo e terá um fim, o Panteísmo não é resposta, pois alguém tem que ter criado a Criação-Criador. Portanto é necessário que o Criador seja maior do que a Criação e, por consequência, esteja fora da Criação no Todo ou em Parte.
Diante desses pressupostos, e de que somos capazes de encontrar a Verdade, nossos antepassados olharam para o Universo e começaram a buscar explicações. Para ser mais preciso, começaram a olhar para o Céu e buscar explicações.
Ao olhar para o céu noturno, nossos antepassados perceberam que as estrelas nascem no leste e se põem no oeste. Além disso, dada a repetição de padrões e da existência de pontos fixos no céu (Polos Norte e Sul Celeste), concluiu-se que o Firmamento é uma esfera girando ao redor da Terra.
Além disso, como algumas “estrelas” caminhavam livres do Firmamento (os Planetas), em velocidades distintas, concluiu-se que elas tinham esferas específicas de órbita (afinal, elas não se batiam). Dado isso, o modelo desenvolvido no transcurso dos anos foi mais ou menos essa:
Sobre a Terra ser redonda ou Plana, desde os gregos sabe-se que ela é redonda (e se calculou sua curvatura com extrema precisão por meio da geometria).
Peço desculpas pela explicação “rápida” aqui, mas ela é tema do curso de Observação Astrológica, onde ela é mais interessante.
De todas essas observações, concluiu-se que: i) a Terra é Redonda, ii) o Universo é Redondo, iii) Deus está Fora da Criação, iv) nós estamos dentro e, se quisermos ver a face de Deus, temos que Sair.
Portanto, para o conhecimento mágico: Nós Viemos de Deus, Somos filhos de Deus e Voltaremos para Deus. As religiões Semíticas falam isso muito bem, especialmente quando falam em “ir para o Céu”.
Sabendo quem somos, de onde viemos e para onde vamos, surge uma nova pergunta: Como vamos?
Quem pretende responder essa pergunta é a Alquimia, tema do próximo texto.
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